Foi assim que eu comecei a gostar dela, todo dia a gente saía pra tomar um café, que nem sempre era um café e nem sempre podíamos estar juntos, mas era assim que passavam os dias, eu esperava como uma criança na manhã de natal a hora de passar um tempo com ela.
Assim passou o semestre, minha vontade de vê-la crescia, eu me pegava pensando no que ela estaria fazendo, se estava feliz ou não. Peguei o telefone e liguei pra ela, a voz parecia alterada, perguntei se queria ir no cinema ou algo parecido, ela disse que sim, que gostava de passar tempo comigo. Acabamos indo ao cinema. Ela parecia apreensiva, desviava o olhar do meu, seus olhos estavam vermelhos, sua maquiagem borrada, parecia apreensiva e disse que tinha algo importante para me contar.
Foram umas boas duas horas até eu convencê-la de que eu ia acreditar no que ela me contaria, seja lá o quê fosse, e que não ia dar risada nem chamá-la de doida. Quando ela finalmente decidiu contar, me disse que o que ela mais gostava em mim era a minha sinceridade... que diferente da maioria das pessoas eu dizia o que realmente pensava e não tinha medo de demonstrar o que eu sentia. Achei estranho o sentimento com o qual ela me dizia tudo isso, era como se uma pessoa que passou a vida inteira acreditando cada vez menos nas pessoas, de repente sentisse que suas teorias poderiam não estar corretas.
Confesso que me assustei quando ela me disse que sabia o que eu estava pensando e me repetiu palavra por palavra o que eu tinha acabado de pensar. Era absurdo, praticamente impossível um cético como eu acreditar numa história dessas, mas eu acreditei... Fizemos um trato, ela nunca esconderia seus pensamentos de mim, seria injusto, ela concordou. Vivemos juntos por alguns anos, foram anos felizes, anos que nunca esquecerei.
Não vou contar o por que de ter acabado tudo, era problema nosso, os pensamentos são uma coisa muito perigosa para se brincar. E até hoje me pergunto porque não era eu quem tinha esses poderes? Assim eu saberia por quê a única pessoa que já amei tirou sua própria vida.
Fiz com ela, ó: Kel