segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Olhando os santos na parede, São João, São Lucas, São Paulo, minha mãe sempre foi devota, estou deitado na cama que era dela, que eu usei nos últimos anos com minha noiva. Conheci ela 4 anos atrás, eu tinha começado a faculdade de Engenharia, ela fazia Música, conheci ela na loja de histórias em quadrinhos, ela me perguntou algo sobre Sandman, eu lia um volume de Watchmen. Saímos dali, tomamos uns drinks, trocamos telefones e um beijo de despedida. 3 semanas depois, minha mãe descobriu um câncer que a matou 1 ano depois, em nenhum momento minha namorada desgrudou de mim, quando chorei a morte de minha mãe ela estava fazendo um café pra mim, me lembro bem, meu pai tinha me ligado pra contar a notícia e ela cantava "you're my cup cake" na cozinha, o cheiro forte de café, chorei, ela estava lá, me abraçou, não disse palavra, dormi em seus braços. Herdei a casa, meu pai foi pra Campinas, nessa época eu mantiha a casa com o dinheiro que ganhei, ela veio morar comigo.
5 anos passaram, eu me formei entrei para uma sociedade lucrativa, ela vendia viagens, cruzeiros, excursões, tudo era com ela. Pedi ela em casamento em 20 de Julho de 2012, foi surpresa pra ela, nós estávamos passando o fim de semana na praia, fomos até o pier, o sol se punha sobre o mar, ela disse sim e se jogou em mim. Eu nunca fui tão feliz quanto naquela época.
Não gosto de lembrar da última semana. Ela teve um aneurisma, morreu enquanto me abraçava, tinha vindo me contar que tinha feito a maior venda, fechou um cruzeiro inteiro pra um casamento de um famoso com uma famosa, ela não tinha respondido minha pergunta, pensei que estava cansada, deixei ela ficar ali abraçada comigo, seus braços penderam, o peso abandonou seu corpo, o sangue inundou minha camisa.
Sabem qual foi o pior?
Todas as preparações, escolher a roupa, ligar pro advogado, fazer todos os arranjos, e ver que ela não estaria ali quando eu chorasse sua morte, nunca me senti tão completamente sozinho, acho que eu ainda não aceitei isso, parece que ela vai abrir a porta, dar aquele sorriso e me perguntar como foi meu dia, a fronha ainda tem seu cheiro, suas roupas ainda estão ali jogadas na cabeçeira.
E eu aqui, no quarto que foi da minha mãe me perguntando se vale a pena estar aqui amanhã, se algum dia eu vou poder finalmente olhar pra frente e pensar em algo bom.
Estou deitado quando nossa filinha de 4 anos abre a porta e deita a cabeça no meu peito, ela é igualzinha à mãe. Ela responde todas as minhas perguntas sem nem dizer nada.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Japas usam pauzinho pra comer.
Hashis, eles dizem
não parece meio
insano?

E quem não é?