segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Separamo-nos

começou assim como tudo começa
cresceu, como tudo que há de crescer
turvou, assim como a visão do moribundo
morreu, como tudo que não há de morrer

ela gostava de ketchup
eu, de mostarda
cada dia era um suplício
que já tardava em findar

ela assistia novela mevicana
eu, a CNN
tão ruim era cada momento
que se tornava em litígio

ela gostava do João Kleber
eu, de Fernando Pessoa
eu tentei ver algo bom naquilo tudo
só enxergava as cinzas do passado

ela gostava de pagode
eu, de rock
como fui deixar isso acontecer?
por que fui tão cego?

ela queria ter filhos
eu queria ter cachorros
um dia ela me perguntou o por que
disse que não sei, mas era pra ser

ela queria casar na igreja
eu, no civil
coloquei minhas coisas no porta-malas
e fui ser feliz

ela queria que eu voltasse
eu queria distância
assim termina
o que nem devia ter começado.

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