Separamo-nos
começou assim como tudo começa
cresceu, como tudo que há de crescer
turvou, assim como a visão do moribundo
morreu, como tudo que não há de morrer
ela gostava de ketchup
eu, de mostarda
cada dia era um suplício
que já tardava em findar
ela assistia novela mevicana
eu, a CNN
tão ruim era cada momento
que se tornava em litígio
ela gostava do João Kleber
eu, de Fernando Pessoa
eu tentei ver algo bom naquilo tudo
só enxergava as cinzas do passado
ela gostava de pagode
eu, de rock
como fui deixar isso acontecer?
por que fui tão cego?
ela queria ter filhos
eu queria ter cachorros
um dia ela me perguntou o por que
disse que não sei, mas era pra ser
ela queria casar na igreja
eu, no civil
coloquei minhas coisas no porta-malas
e fui ser feliz
ela queria que eu voltasse
eu queria distância
assim termina
o que nem devia ter começado.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
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